27 fevereiro 2013

E a tempestade continua.




Lembro dos nossos beijos calorosos trocados as escondidas nas madrugadas, debaixo daquelas escadas.
E hoje são apenas lembranças turvas, quase não visíveis feito estrada em dia de tempestade.
Você costumava estar lá, me dar a mão e lembro de sentir-me feliz.
Hora FELICIDADE, palavrinha mais ordinária que já não se faz mais presente.
Eu sigo meus dias, vazios e sem cor pensando em como alguém pode desgraçar outro ser humano assim.
Assim era você, suas inconsequências sempre me completaram, agora me dilaceram.

E a tempestade continua.

Cansei de chorar um rio, de sofrer, mas a dor ainda está aqui em algum lugar, eu sei.
Não, eu não mudaria nada nem pretendo ouvir que você se arrepende.
Tão pouco tenho pressa de curar, não busco um novo amor. Curar sofrimento com futura dor é tolice.
E tola já fui o bastante por todos esses anos.

Posso apostar o que me resta que você compartilha ao menos um pouco de todo esse tormento.
E essa maldita tatuagem aqui, me lembrando todos os meus erros que não são maiores que você.
O maior e mais lindo erro que poderia cometer nessa existência.
Então onde está você que não ao meu lado?

Os dias passam, a horas seguem e a tempestade continua, mas aqui dentro.

01 fevereiro 2013

O cara do ponto de táxi.


Eu o via todas as manhãs ao lado do ponto de táxi.
E todas as manhãs me imaginava ao seu lado, mesmo não o conhecendo. Patético eu sei.
Ele tinha algo que eu não podia simplesmente explicar, não faria o menor sentido.
Aquele ar de mistério que o rondava junto com um ligeiro aroma de tabaco embriagante que me 
nauseava completamente.

Com os olhos incrivelmente verdes sempre voltados para o jornal do dia, algo não muito comum
nos dias de hoje.
Confesso que sentia-me envergonhada já que sempre em minhas mãos estavam meu BlackBerry 
e um enorme copo de café, na muito culto comparado a um jornal ou livro.
E isso era o máximo que eu sabia a respeito dele, tudo muito vago.

E fora assim por meses se tornando quase uma rotina.

Até que um dia pela primeira vez, ele não estava lá.
E a ausência foi se fazendo presente a cada dia mais.

Foi então que minha ficha realmente caiu. Talvez eu não o visse nunca mais e tudo continuaria subentendido.
Ou ele aparecia e então quem sabe finalmente nos falaríamos. Ingenuidade a minha.
Poderíamos até ter algum tipo de relacionamento, mas naquele exato momento a unica certeza que eu
tinha era de que ele já não estava "em minha vida". 


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